sábado, dezembro 25, 2004

Vamos nos tornando permacultores...

Permacultura, (permanent agriculture), é um sistema de planificação de habitats humanos de acordo com os padrões da natureza
A abordagem é simples e muito prática e, tem como principal método de trabalho a observação atenta da natureza, para então se proceder à acção adequada.

Não é uma filosofia, uma política, uma religião, uma ideologia por si só, mas sem dúvida uma forma clara, não dogmática, que nos permite criar uma forma de vida mais equilibrada e harmónica.

As repercussões das boas planificações e práticas estendem-se passando pela agricultura, economia, sociedade, política, saúde, educação, cultura, etc.…

Cada indivíduo deverá tomar responsabilidade pelos seus valores éticos e acima de tudo pela acção concreta no dia a dia. Se estes forem em concordância e colaboração com a natureza estaremos assim a construir uma vivência em sociedade mais justa e sustentável.

Passos essenciais para a Permacultura.

· Pequenas coisas para grandes coisas, ou seja, cuidar de tudo na terra, não queimar matéria orgânica como folhas, galhos, troncos,…, amontoar em curvas de nível e ter paciência para esperar a decomposição ou o seu aproveitamento em berços de mudas e cobertura de solos. Por exemplo, as pedras são úteis para estradas, paredes, bases para construções.
· Dê o primeiro passo da sua cura planetária, experimente a agroecologia, a biodinâmica e a permacultura: evite o uso de venenos, confie na natureza e nos mecanismos naturais, fortaleça os processos de ciclagem da energia sustentável na sua terra e de aumento da bioenergia circulante. Fortaleça a nutrição dos solos e das plantas, aposte em cinzas, mulching, adubos orgânicos mais estáveis como o húmus da compostagem e da vermicompostagem. Opte portanto pelas vias de salvação e não de exploração planetária.
Torne-se um ser Holocentrado, não alimente o caos provocado pelo turbilhão que domina sua mente, tente neutralizar a confusão com uma atitude de sintonia, esvaziamento e harmonização mental. Valorize os processos que envolvem as técnicas meditativas, o homem pode se tornar uno com a luz da natureza e os ritmos naturais do universo. A harmonia do homem com as leis da natureza levam a sua divinização e naturalidade/espontaneidade de carácter sentimento e melhor compreensão infinita do mundo.
· Novas fontes de economia sustentável: escolha os elementos produtivos que poderão impulsionar sua economia e sua empresa, mas diversifique ao máximo sem onerar custos. Permacultura é sinónimo de auto-suficiência alimentar e energética em sua propriedade
· Evolua no processo de cultura local: a humanidade está merecendo uma nova cultura mais sustentável, actualmente não se valorizam correctamente as aptidões e os talentos das pessoas, e ainda surgem mecanismos de exploração dos serviços e do meio ambiente. Há que resgatar o processo livre de discussão e participação, para que todas as partes possam ser ouvidas, potencializadas e respeitadas, chegando assim a novos patamares de qualidade total nos nossos projectos.

A ética na Permacultura

Todas as manifestações humanas se regem por determinados parâmetros de acção e reacção, sejam de vontades, desejos, impulsos intuitivos e instintivos, leis, valores morais, espirituais, culturais, materiais, filosóficos, éticos, etc…
Em Permacultura definiram-se três valores éticos básicos:

Cuidar da Terra – Cuidar de todos os seres vivos animados ou inanimados, seja um grão de terra ou uma montanha, uma planta minúscula ou uma floresta, uma formiga ou uma baleia, do mar ou da terra, do ar e numa ultima análise do universo como um todo.

Cuidar das pessoas – Cuidar das pessoas (começando por nós próprios) está profundamente ligado ao cuidar da terra, pois é impossível cuidar de um sem cuidar do outro e vice versa. Assim todos os seres humanos têm o dever de procurar e o direito a receber alimento, abrigo, cuidados de saúde, amor, educação, trabalho, entre outras necessidades para que assim possam manifestar-se como seres participativos no longo processo da vida.

Aplicar limites ao consumo e partilhar os recursos – Para que todos os seres existentes tenham oportunidades semelhantes de se manifestarem, é importante que cada um de nós contribua com dedicação aos outros. Assim que cada um de nós conseguir garantir as suas necessidades básicas (alimentação, abrigo, saúde, educação, …), deverá estabelecer os seus limites e estender os seus conhecimentos, capacidades e valores na ajuda aos outros a consegui-lo também. Cuidar da terra e das pessoas só é possível se existir colaboração entre todos partilhando os infindáveis recursos que o Universo nos proporciona, no entanto para que estes recursos sejam equitativamente distribuídos no tempo e no espaço, é necessário que cada individuo saiba o que é ter o suficiente e tenha somente o suficiente.

Os princípios na Permacultura

Ao se planificar um habitat humano, deverão ter-se em conta alguns princípios que regem a sua estabilidade, que são linhas de bom senso que nos guiam na elaboração da nossa intervenção

Posição relativa – Cada elemento é posicionado relativamente a outro de forma a criar uma relação sinergética em que cada um beneficia de alguma maneira do outro.

Cada elemento tem várias aplicações – Uma sebe de frutos silvestres providencia abrigo para pequenos animais, corta vento, sombra, frutos, matéria orgânica, beleza paisagística, bio massa, etc.

Cada função importante é suportada por vários elementos – A energia eléctrica pode provir da rede normal, mas deverá também provir, por exemplo, de painéis solares, turbina eólica, gerador por moinho a água, etc.

Planificação eficiente dos recursos energéticos do local – Um curso natural de água localizado no terreno acima da casa deverá ser aproveitado para canalizar água para a rega das hortas que se situem mais abaixo; estas, por sua vez deverão ser posicionadas de modo a facilitar os acessos consoante as prioridades de colheita.

Usar prioritariamente recursos biológicos renováveis em vez de recursos provenientes de combustíveis fosseis não renováveis – Energia solar, vento, água, gás metano proveniente da compostagem orgânica, animais, matéria orgânica, em vez de petróleo e derivados.

Promover a reciclagem energética no local – Todos os resíduos deverão ser reciclados pelo sistema local, transformando-os num recurso energético para outra aplicação.

Promover a sucessão natural das plantas com o intuito de criar solos e habitats favoráveis – Guardar e voltar a usar sementes da colheita do ano anterior, que vão adquirindo ao longo dos anos propriedades de desenvolvimento e resistência adaptadas às diversas características do solo e clima.

Promover a Bio diversidade através da poli cultura com ênfase para espécies benéficas – As culturas sinergéticas entre diferentes plantas originam ecossistemas cujas espécies beneficiam mutuamente das características das vizinhas, como por exemplo a sombra, fixação do azoto, protecção do vento, redução de pragas, etc.

Praticar o efeito de periferia e padrões naturais – A natureza mostra-nos em tudo o que nos rodeia os seus padrões através de formas circulares, espirais, ondulações, bifurcações, deltas, entre muitos outros. Por exemplo uma cama hortícola plantada em linhas onduladas, comporta mais pés do que se semeada em linha recta.
Nota: Texto extraído de várias obras de agricultura biológica, permacultura, biodinamica e agroecologia...

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