quinta-feira, setembro 04, 2008

Desapegar-se é uma tarefa difícil

Ao aceitar a vulnerabilidade da vida tornamo-nos menos rígidos e mais fluidos.

“A vulnerabilidade é a capacidade de não buscar o controle, permitindo que a vida passe por nós, sem querer retê-la ou possui-la.
Toda a vez que a vida é represada, o que se acumula é experimentado pelo desespero.
Quem controla, desespera: não tem o que esperar porque todas as surpresas, magias e mistérios empalidecem.
As possibilidades e os erros purificam a vida, oxigenando-a para que não se sufoque e não se inviabilize”
Nilton Bonder

“O apego é a razão pela qual temos dificuldade em lidar positivamente com as mudanças. Só o facto de pensar em desapegar de algo, deixa-nos inquietos.
Quando temos muito apego ficamos sempre agitados. Não conseguimos relaxar: sentimos medo e dúvidas.
A questão não é definir o que devemos deixar de fazer, mas sim como lidar com a nossa mente apegada.”
Lama Gangchen

Amamos melhor uma pessoa quando não temos apego por ela, isto é, quando não projectamos nela exageradamente toda a nossa felicidade.
O apego nesse sentido, é uma atitude mental que surge ao atribuirmos valores irreais a uma pessoa, coisa ou situação.
O apego surge na nossa mente quando não nos queremos responsabilizar pelos nossos estados mentais, afectivos e emocionais.
Portanto ter apego é uma forma infantil de amar. Amar com apego, faz-nos sentir dependentes dos outros e das situações: não sabemos mais sustentarmo-nos sozinhos, pois perdemos o prazer de conhecer o nosso próprio potencial de auto cura, e isso enfraquece-nos.

Na maior parte do tempo, não nos damos conta do quanto estamos apegados a algo ou alguém. Precisamos criar uma certa distância do objecto para podermos observar a natureza exagerada do nosso apego. No entanto, como esse afastamento é doloroso, preferimos não fazê-lo. Uma vez que o apego está associado a uma experiência prazerosa, facilmente nos convencemos de que ela é um afecto positivo e raramente somos capazes de avaliar o quanto ele prejudica a nós mesmos e aos nossos relacionamentos.
Ao contrário do que acontece com o que nos provoca raiva ou irritação, ninguém quer se “livrar” daquilo a que se sente apegado. Infelizmente na maior parte das vezes, só lidamos com o desapego quando ele é inevitável e imposto pelas circunstâncias, como a morte ou o abandono.

O melhor é aprendermos a despertar o amor próprio e a amar com desapego.

By Bel César in Livro das Emoções
Editora Gaia

segunda-feira, setembro 01, 2008

Sobre a felicidade


Meditar, visualizar imagens que curam, recitar mantras, rezar ou ficar em silêncio são métodos eficazes para purificar nossa mente de seus hábitos negativos. Porém se os praticarmos com a intenção de anestesiar o sofrimento, para não precisarmos estar em contacto com ele, estaremos agindo como um carro atolado na lama: quanto mais se tenta mover as suas rodas, mais preso ele fica. Isto é quanto mais negarmos a verdadeira causa dos nossos sofrimentos, mais estaremos presos neles.

Estamos apegados ao sofrimento e precisamos aprender a ir além dele. Estamos tão sobrecarregados de ideias preconcebidas, expectativas e exigências que não conseguimos mais nos mover dentro de nós mesmos! Sentimos a rigidez de nosso mundo interno e tudo à nossa volta passa a ser insatisfatório. Estamos de facto, atolados em nós mesmos. Não somos felizes quando perdemos o nosso espaço interno.

Felicidade não é algo ligado ao ter, mas ao fazer. Ela não é um humor ou um estado de ânimo, por mais exaltados e duradouros que sejam, mas o resultado de uma vida bem conduzida, ou seja, das escolhas e valores que definem o nosso percurso. A felicidade, em suma, jamais será um estado final que se possa adquirir e dele tomar posse de uma vez por todas. Ela é uma actividade, algo que se cultiva e constrói, algo que por alguns momentos, se conquista e se desfruta, que é fonte de contentamento, mas que está sempre a exigir de nós empenho e amor, sempre recomeçando outra vez.

Podemos atingir a felicidade profunda, perfeita e permanente quando nos libertamos da ignorância, isto é, do hábito arraigado de buscar a felicidade nas condições externas e de estarmos condicionados por nossos próprios estados emocionais ou prazeres físicos.

Portanto o segredo para sermos felizes é ampliar o nosso espaço interno, isto é, manter a mente aberta, disposta a apreciar a vida e a cultivar um senso contínuo de leveza e bem estar.

By Bel César in “O Livro das emoções” Editora Gaia