segunda-feira, março 29, 2010

Nenhuma morte apagará os beijos


Nenhuma morte apagará os beijos
e por dentro das casas onde nos amámos ou pelas ruas clandestinas da grande cidade livre
estarão sempre vivos os sinais de um grande amor,
esses densos sinais do amor e da morte
com que se vive a vida.

Ai estarão de novo as nossas mãos.
E nenhuma dor será possível onde nos beijamos.
Eternamente apaixonados, meu amor. Eternamente livres.
Prolongaremos em todos os dedos os nossos gestos e,
profundamente, no peito dos amantes, a nossa alma liquida e atormentada
desvendará em cada minuto o seu segredo
para que este amor se prolongue e noutras bocas
ardam violentos de paixão os nossos beijos
e os corpos se abracem mais e se confundam
mutuamente violando-se, violentando a noite
para que outro dia, afinal, seja possível.

Joaquim Pessoa
SLV

Sem comentários: