terça-feira, abril 13, 2010

Perfil de primavera


Nas mãos que eu ergo acima desta ausência.
O meu sangue desperta, cria raízes no teu sangue
Nos jardins desertos da nossa solidão.
As minhas mãos, as tuas mãos, os corpos abraçados
E a única cidade construída para o nosso amor:
Nua, inquieta.
Clandestina.
A tua boca no meu peito. Os beijos
Demorados. E todos os silêncios.
As ruas que eu abri no teu olhar
Começam nos meus dedos.
Vem,
Eu amo-te.

Joaquim Pessoa
>SLV>
>KISS by Davinia Hart>

1 comentário:

Unknown disse...

Seria o último dos românticos?
Se...

"Que canto há de cantar o que perdura?
A sombra, o sonho, o labirinto, o caos
A vertigem de ser, a asa, o grito.
Que mitos, meu amor, entre os lençóis:
O que tu pensas gozo é tão finito
E o que pensas amor é muito mais.
Como cobrir-te de pássaros e plumas
E ao mesmo tempo te dizer adeus
Porque imperfeito és carne e perecível
E o que eu desejo é luz e imaterial.
Que canto há de cantar o indefinível?
O toque sem tocar, o olhar sem ver
A alma, amor, entrelaçada dos indescritíveis.
Como te amar, sem nunca merecer?"
(Da Noite - 1992)
Hilda Hilst