segunda-feira, janeiro 28, 2013

Gil Scott Heron - Your Daddy Loves You (with lyrics)



Now sweet lil ol' brown eyed girl, hey, now
Now that you're sleepin'
I've got a confession to make
Of secrets that I've been keepin'
Me and your mama had some problems,
A whole lotta things on our minds
But lately, girl, we've been thinkin' that we were wastin' time
Nearly all the time, and

Your daddy loves you
Your daddy loves his girl
Your daddy loves you
Your daddy loves his girl, hey now

Now sweet lil ol' chocolate girl
Now that you're sleepin' I feel braver
I've got a confession to make
I'll sneak it in while you're dreamin'
Me and your mama had some troubles
There's been a whole lotta things on our minds
But lately when we look at you, we know that we've been wastin' time
Damn near all the time, and

Your daddy loves you
Your daddy loves his girl, hey, now
Said your daddy loves you
Said your daddy loves his girl, hey, now
Your daddy loves you, and your mama, too
Your daddy loves his girl
Loves his girl
Loves his girl

segunda-feira, janeiro 07, 2013

Elegiazinha



Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.

Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.

Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.

Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.

Gatos não morrem: mais preciso
- se somem - é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso

e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.

Nelson Ascher

Um amor depois de outro




Virá o tempo
em que, exultante,
hás de saudar-te ao chegar
à tua própria porta, em teu espelho,
e cada um sorrirá à saudação do outro,

e dirás, senta aqui. Come.
Amarás novamente o estranho que tu eras.
Oferece vinho. Dá pão. E tua cabeça de volta
a si mesma, ao estranho que toda vida

te amou, que, por causa de outrem,
desconsideras, e que te conhece de cor.
Retira as cartas de amor da estante,

as fotografias, as anotações desesperadas,
descasca tua imagem do espelho.
Senta-te. Refestela-te com tua vida.

Derek Walcott

sábado, janeiro 05, 2013

Oh Inferno




Limpar as nevascas da primavera
Dos excrementos dos nossos ancestrais
E enterrar os arquivos inconscientes
Sob simples flores

Além disso

Nossa pessoa é uma entrada coberta para infinidade
Sufocada com fiapos da tradição

Deusas e Jovens Deuses
Acariciam a santidade da Adolescência
Nos raios do sol.

Mina Loy

sexta-feira, janeiro 04, 2013

Encontro


Pic by Gatumudo

Ele não apareceu.
Talvez tenha adoecido ou ficado debaixo de
um eléctrico. Talvez outra pessoa se pusesse na conversa com ele.
Talvez se tenha esquecido do relógio,
ou o relógio se tenha esquecido de lhe dar o tempo certo.
Talvez o carro não pegasse,
ou tenha ficado avariado a meio do caminho.
Talvez alguém lhe telefonasse quando ia a sair de casa,
dizendo-lhe que tinha de ir a um funeral
ou que a mãe dele tinha morrido.
Talvez tenha encontrado um antigo conhecido.
Talvez tenha tido uma discussão no emprego,
tenha sido despedido e esteja a esconder
a cabeça debaixo de uma almofada.
Talvez a ponte estivesse fechada e
a seguinte também.
Talvez o semáforo permanecesse vermelho.
Talvez o multibanco tenha engolido o cartão
ou a meio do caminho tenha reparado que se esquecera
do porta-moedas.
Talvez tenha perdido os óculos,
não conseguisse deixar de ler,
houvesse um programa que ele queria acabar de ver,
não conseguisse dar a volta à fechadura da porta,
não encontrasse as chaves em sítio nenhum e
o cão dele de repente começasse a vomitar.
Talvez não houvesse um telefone por perto,
não encontrasse o restaurante
ou esteja à espera noutro sítio, por engano.
Talvez – a última possibilidade,
incompreensível e inesperada –
ele tenha deixado de me amar.

in Genoeg gedicht over de liefde vandaag (Por hoje, chega de poesia sobre o amor), 1999
HAGAR PEETERS (Amesterdão, 1972), tornou-se conhecida do público holandês no Double-Talk Festival em 1997.  A poesia de Hagar Peeters caracteriza-se pelo seu laconismo, uma pontinha de ironia e a combinação de abordar temas pesados com uma certa ligeireza. Os temas são diversos mas a grande maioria dos seus poemas concentra-se no amor e na inevitabilidade do seu fim.

quinta-feira, janeiro 03, 2013

Recomeçar




Recomeça….
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças…

Miguel Torga


Pic by Gatumudo