Se dermos um pouco mais de atenção ao mundo que está à nossa volta, conseguiremos dar muitro mais atenção a nós próprios...
;o)
"eu vou mostrando como sou e vou sendo como posso..." como diriam os Novos Baianos
sexta-feira, janeiro 28, 2011
quarta-feira, janeiro 26, 2011
terça-feira, janeiro 25, 2011
Agora, já não preciso
Agora, já não preciso que gostem de mim.
Agora, tenho mil peças de um puzzle, tenho
uma caixa cheia de molas soltas, duas mãos,
tenho a planta de uma casa, tenho ramos
guardados para o inverno, e tanto silêncio,
tenho tanto silêncio, bolsos vazios e cheios,
pão, fé, céu, chão, mar, sal, sol, cá e lá,
tenho sobretudo lá, uma distância imensa
feita de planícies estendidas e eternidade
porque eu caminho com vagar ao longo das
estradas, o horizonte é demasiado quando
planeio toda a sua distância sem medo de
nada, destemido apenas, a coragem é um
exército ao meu lado, tenho a coragem
necessária, tenho um lago que reflecte a
noite e a lua quando há lua, uma orquestra
inteira tenho, o som e o silêncio, já disse o
silêncio, repito-o a saber quem sou e o que
tenho, tenho uma gaveta de papéis, tenho
montanhas de montanhas, tenho ar, tenho
tempo e tenho uma palavra que corre à
minha frente, mas que consigo apanhar
e que ainda utilizo no poema.
Agora, tenho mil peças de um puzzle, tenho
uma caixa cheia de molas soltas, duas mãos,
tenho a planta de uma casa, tenho ramos
guardados para o inverno, e tanto silêncio,
tenho tanto silêncio, bolsos vazios e cheios,
pão, fé, céu, chão, mar, sal, sol, cá e lá,
tenho sobretudo lá, uma distância imensa
feita de planícies estendidas e eternidade
porque eu caminho com vagar ao longo das
estradas, o horizonte é demasiado quando
planeio toda a sua distância sem medo de
nada, destemido apenas, a coragem é um
exército ao meu lado, tenho a coragem
necessária, tenho um lago que reflecte a
noite e a lua quando há lua, uma orquestra
inteira tenho, o som e o silêncio, já disse o
silêncio, repito-o a saber quem sou e o que
tenho, tenho uma gaveta de papéis, tenho
montanhas de montanhas, tenho ar, tenho
tempo e tenho uma palavra que corre à
minha frente, mas que consigo apanhar
e que ainda utilizo no poema.
José Luís Peixoto
Gaveta de Papéis
Os ares
Os ares
como são furtivos
Como os diria
calmos
quando não faltam
na respiração
Quando são
vento melhor
que o pulmão
que o calor
Respiram consigo
os ares claros
movem a vida
raros
Ares densos não são esses
para quem sente denso
o coração
Chamai-lhes vento
e claramente os ares
são roucos
se então
eles trespassam
a pele da boca
Fiama Hasse Pais Brandão
segunda-feira, janeiro 24, 2011
assusta-me
assusta-me que o
ofício da luz perca os
objectos ou estas longas
paisagens. mas farto-me das
coisas que, ao mínimo
vislumbre, parecem
reais.
valter hugo mãe
foto: antónio matos
sexta-feira, janeiro 21, 2011
quarta-feira, janeiro 19, 2011
quarta-feira, janeiro 12, 2011
segunda-feira, janeiro 10, 2011
no desgoverno dos sonhos
no desgoverno dos sonhos,
talvez púrpura do frio, talvez
cego de sol, talvez acorde
procuro palavras que
me entendam
como imagino coisas acesas
pelos lugares e não saboto
a vontade de deus
valter hugo mãe
sexta-feira, janeiro 07, 2011
Paulo Robalo...
... e as suas lutas ancestrais indianas, paquistanesas, iranianas num corpo a corpo em a cera de abelha, fundida a quente com pigmentos naturais...
é belo...
Um simples corpo
A prontidão das sombras resume
Um simples corpo e resvala sinuosa.
Sei que recordo tudo em certos momentos.
Recordo-te até como se te chamasse,
Como se corresse através do caminho
Que vais preparando junto aos precipícios.
Mas a memória revela o que não sei,
Desfaz sequências de nomes até ti.
Repito a violência e seguro uma pedra
Com as mãos – tal como as tuas – já perdidas.
Repito toda a fragilidade que o teu peso insinua
E derramo a voz ao limite – ossos e carne
Que nos atiram ao chão com o afecto da dor.
Rui Almeida
in Lábio Cortado
A definição do amor
dantes escrevia poemas de amor. para viver com o amor
nos poemas, sempre. depois disseram-me que já toda agente o fez, que nada mais havia a escrever sobre o amor.
que o amor já estava em demasiados poemas. eu aceitei
o conselho e passei a escrever poemas de morte. escrevi
muitos poemas sobre o meu pai, até ao dia em que percebi
que a morte é sinónimo de amor, como tudo é sinónimo
do amor. e voltei a escrever o que nada havia a
dizer. porque até o poema é sinónimo de amor.
Jorge Reis-Sá
in biologia do homem
quinta-feira, janeiro 06, 2011
Passagem...
Passagem.
O gosto de ocultar venceu. Venceram a reserva, a prudência, a discrição natural, a instintiva tendência chinesa para apagar vestígios, para evitar encontrar-se a descoberto.
O prazer de manter escondido venceu. Assim a escrita passou a estar ao abrigo, passou a ser um segredo; segredo entre iniciados.
Segredo difícil, longo, custoso de partilhar, segredo para fazer parte de uma sociedade. Círculo que durante séculos e séculos vai permanecer no poder. Oligarquia dos subtis.
Henri Michaux
excerto de Idéogrammes en Chine, 1986 / Ideogramas na China, livros Cotovia, 1999 - Série Oriental - tradução de Ernesto Sampaio
foto by lia villares
Se ao menos soubesses...
Se ao menos soubesses tudo o que eu não disse
ou se ao menos me desses as mãos como quem beija
e não partisses, assim, empurrando o vento
com o coração aflito, sufocado de segredos;
se ao menos percebesses que eram nossos
todos os bancos de todos os jardins;
se ao menos guardasses nos teus gestos essa bandeira de lirismo
que ambos empunhámos na cidade clandestina
Quando as manhãs cheiravam a óleo e a flores
e o inverno espreitava ainda nas esquinas como uma criança tremendo;
se ao menos tivesses levado as minhas mãos para tocar os teus dedos
para guardar o teu corpo;
se ao menos tivesses quebrado o riso frio dos espelhos
onde o teu rosto se esconde no meu rosto
e a minha boca lembra a tua despedida,
talvez que, hoje, meu amor, eu pudesse esquecer
essa cor perdida nos teus olhos.
Joaquim Pessoa
foto: António Matos
quarta-feira, janeiro 05, 2011
CORPO COMUM
surdamente desato
um som inaudível
suponho que perfume algum
possa emanar do nada
em que nenhuma imagem
subsiste
onde não há pegadura
e se saboreia apenas
a exclusiva gastronomia
de morrer-se
Miguel-Manso
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