sábado, agosto 30, 2008

Considerações de Yvan Anmar sobre “estar vivo” (ser responsável)



A liberdade implica responsabilidade. Yvan não se cansava de o repetir, não colocava a sua dignidade numa reivindicação pessoal de auto controlo ou de auto domínio, mas na capacidade de assumir a sua responsabilidade em relação ao outro.

Ser responsável
O corolário da “relação consciente” é o sentido da responsabilidade para com o outro.
“Hoje, a espiritualidade é social e politica. Rezar é fazer o que se deve.” Yvan não podia ter definido melhor o espaço do “crescer” espiritual. Não é a meditar nas margens do Ganges que um ocidental contribui para a sua própria transformação e para a dos outros, mas estando no seu terreno de todos os dias, a família, o trabalho, a participação na vida da cidade e na vida associativa.
Não há evolução espiritual sem “consciência solidária”, e esta é necessariamente política diz Yvan. Não podemos viver isolados, não podemos transformar-nos sozinhos no nosso canto. Quando se tem consciência profunda da dívida para com a vida, não podemos mais ser dominados pelas “reivindicações dos nossos pequenos direitos”: o direito à felicidade é ultrapassado; quando a alcançamos, já não é o direito à felicidade que está em primeiro lugar, mas o dever de estar vivo, e, quando se está verdadeiramente vivo, ninguém se preocupa com a felicidade pessoal. Não estou aqui para ser feliz nem para dar a felicidade a alguém, mas para assumir a responsabilidade de uma visão e de a partilhar. Ser responsável é ser servidor da vida, é ser portador de uma intenção que leva a tomar consciência de quanto somos responsáveis por aquilo que é o conteúdo da vida, mesmo não sendo seus proprietários.

By Marie de Hennezel in “Morrer de Olhos abertos” Editora Casa das Letras

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