O verdadeiro problema não é o de saber se viveremos depois da morte, mas o de sabermos se estamos vivos antes de morrer.
Ousar o encontro
Para que serve sentar-se confortavelmente, a meditar de olhos fechados, se o vosso filho está no quarto ao lado entregue às suas brincadeiras, sozinho, se o vosso marido ou a vossa mulher não conseguem descobrir o caminho para o vosso coração e partilhar as suas preocupações, se os vossos colegas de trabalho vos sentem ausentes e indisponíveis, se os vossos velhos pais vivem com o sentimento de estarem abandonados?
Hoje um grandíssimo número de pessoas procura fugir à dura realidade da vida através de uma “procura espiritual”.
Yvan sabia-o, ele próprio o testemunha. É por isso que os seus ensinamentos se centram nessa ideia mestra: “É a relação que nos faz crescer”.
É portanto, necessário correr o “risco do outro”, tem de se ir ao seu encontro, porque é a relação com o outro que revela o real. O nosso cônjuge, os nossos pais, os nossos filhos, os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos colaboradores, os nossos colegas, todos eles constituem aquilo a que Yvan Anmar chamava de o “nosso consciente exterior”. São eles que nos dizem o que nós não podemos dizer a nós próprios, que nos confrontam permanentemente. Em geral, evita-se o relacionamento para obstar os conflitos e o que nos pode fazer sofrer, ou, então, consideramo-nos vitimas dos outros. Mas a verdade é que podemos tornar-nos seus discípulos.
Yvan lamenta, com tristeza, as relações que constantemente evitam as fricções. As pessoas procuram proteger-se, mas adoptando essa prática, não se encontram verdadeiramente. “Como se, em matéria de relações, pudesse haver a capacidade de crescer só com a meditação, ou com a yoga, ou com o zen, ou com qualquer outra coisa. É no interior da relação consciente que se cria este reconhecimento que nos faz crescer.”
Correr o risco do outro, ousar o encontro, supõe deixar cair as nossas barreiras defensivas, supõe despirmo-nos das nossas roupagens e assumirmos a nossa vulnerabilidade ou a nossa impotência. É então que se revela a fecundidade do encontro: uma comunhão íntima que abre caminho a uma profunda dimensão da vida.
Quando desaparecem as barreiras que colocamos entre nós para nos protegermos, quando arriscamos o encontro alma a alma, a consciência do que passa a ligar-nos traz-nos uma alegria que é indubitavelmente uma alegria espiritual.
A compaixão torna estes encontros fecundos!
By Marie de Hennezel in “Morrer de Olhos abertos” Editora Casa das Letras
Ousar o encontro
Para que serve sentar-se confortavelmente, a meditar de olhos fechados, se o vosso filho está no quarto ao lado entregue às suas brincadeiras, sozinho, se o vosso marido ou a vossa mulher não conseguem descobrir o caminho para o vosso coração e partilhar as suas preocupações, se os vossos colegas de trabalho vos sentem ausentes e indisponíveis, se os vossos velhos pais vivem com o sentimento de estarem abandonados?
Hoje um grandíssimo número de pessoas procura fugir à dura realidade da vida através de uma “procura espiritual”.
Yvan sabia-o, ele próprio o testemunha. É por isso que os seus ensinamentos se centram nessa ideia mestra: “É a relação que nos faz crescer”.
É portanto, necessário correr o “risco do outro”, tem de se ir ao seu encontro, porque é a relação com o outro que revela o real. O nosso cônjuge, os nossos pais, os nossos filhos, os nossos vizinhos, os nossos amigos, os nossos colaboradores, os nossos colegas, todos eles constituem aquilo a que Yvan Anmar chamava de o “nosso consciente exterior”. São eles que nos dizem o que nós não podemos dizer a nós próprios, que nos confrontam permanentemente. Em geral, evita-se o relacionamento para obstar os conflitos e o que nos pode fazer sofrer, ou, então, consideramo-nos vitimas dos outros. Mas a verdade é que podemos tornar-nos seus discípulos.
Yvan lamenta, com tristeza, as relações que constantemente evitam as fricções. As pessoas procuram proteger-se, mas adoptando essa prática, não se encontram verdadeiramente. “Como se, em matéria de relações, pudesse haver a capacidade de crescer só com a meditação, ou com a yoga, ou com o zen, ou com qualquer outra coisa. É no interior da relação consciente que se cria este reconhecimento que nos faz crescer.”
Correr o risco do outro, ousar o encontro, supõe deixar cair as nossas barreiras defensivas, supõe despirmo-nos das nossas roupagens e assumirmos a nossa vulnerabilidade ou a nossa impotência. É então que se revela a fecundidade do encontro: uma comunhão íntima que abre caminho a uma profunda dimensão da vida.
Quando desaparecem as barreiras que colocamos entre nós para nos protegermos, quando arriscamos o encontro alma a alma, a consciência do que passa a ligar-nos traz-nos uma alegria que é indubitavelmente uma alegria espiritual.
A compaixão torna estes encontros fecundos!
By Marie de Hennezel in “Morrer de Olhos abertos” Editora Casa das Letras
1 comentário:
A sabedoria de estar em boa relaçãocom o outro e com tudo o que nos rodeia só é possivel alcançar após a vivência de inumeras experiências.Só após algum caminho feito, de acordo com a nossa verdade de cada momento, descobrimos o que somos, o que queremos na vida e qual a nossa responsabilidade perante os outros e tudo o quenos rodeia. A nossa responsabilidade vai apenas no sentido de que a nossa atitude infuencia o comportamento do outro (seja ele quem for) e do meio envolvente. Isto é consciência.
É a consciência que nos diz onde devemos estar em cada momento, muitas vezes em sitios diferentes daqueles onde os outros ''acham'' que deveriamos estar, já que são movidos pela prisao do condicionamento. A consciência diz-nos para estar '' nos factos''. São eles que podem exigir a nossa presença.
Já que nascemos, crescemos e vivemos todos no meio do condicionamento temos de começar a mudança poralgum lado. Já é importante reconhecer que algo tem de mudar em nós e na nossa vida. Começar por meditar à beira do Ganges é um começo. Ir à India à procura de resposta, é também um começo.
Para mim, a sabedoria da vida e do saber estar em relação nasce com a aprendizagem das situações do dia-a-dia, as de prazer e as menos prazenteiras. Nós relacionamo-nos em cada dia com pessoas, ideias e objectos. De facto, é a relação que nos faz crescer.
Há uns anos numa busca intensa da minha Alma e do sentido da minha vida, descobri aMeditação. Serviu-me de anestésico. Deixei para trás os meus afazeres diários epassava muito tempo em meditação.Claro que todos me criticaram e mesmo insultaram, familiares chegados, afastados e até amigos.
Esta era a minha verdade. Na Meditação sentia-me livre pois aqui ninguém mandava nem opinava. Era o meu espaço. Não desisti. Sentia-me forte. Eu comigo. Depois das Meditações vieram os cursos, as palestras, espirituais. No fundo era desta forma que eu fugia às relações conflituosas que tinha nos vários campos. Os anos foram passando e as experiências também.
Comecei então a descobrir que tinha um ''monte'' de informação na cabeça e livros por todoo lado e que aminha vida continuava na mesma. Deixou de fazer sentido. Tomei a decisão, sem saber por onde começar que ia pôr mãos à obra. Aos poucos fui pondo em prática algumas coisas que tinha aprendido. Cada vez que via resultados ficava mais entusiasmada. Nestas experiências vi coisas fantásticas a acontecer, situações a mudar, pessoas que não gostavam de mim pela minha demasiada sinceridade que chegada a magoar, aproximaram-se de mim.
Descobri a Humildade e a afeição pelas situações de que não gostava e pelas pessoas quem não gostava.
Permitiu-me a aproximação. Graças a um querido professor que deu me pistas (claro que depois sou eu que tenho de andar com elas para a frente) tenho vindo a tomat consciência do que quero ver no outros e à minha volta. Descobri que quero ver Beleza nas relações (sejam quais forem ), quero ver paz, quero ver sensibilidade, quero ver consciência, quero ver afeição e tolerância... tomei consciência de que sou eu que tenho que tenho de avançar com tudo isto, não importa o que os outros pensam ou façam.
Hoje, para mim este texto é VERDADE.
Muitas são as dificuldades que encontro para me relacionar, já que cada um é diferente do outro.
Encontro-me com padrões e medos. Empenho-me em descobri-los para que com o tempo possam deixar de existir.
No entanto, não podemossó viver para os outros, apesar de uma forma de amar é também ''encontrar na felicidade do outro a propria felicidade''como alguém escreveu.
É importante cuidarmos de nós próprios, temos afeição , carinho, atenção por nós, caso contrário não temos nada para dar a ninguém...
Eu não dispenso o meu tempo a sós, omeu silêncio. É nestes momentos de silêncio e contemplação (que por vezes até ocorrem no meio da confusão), que tomo consciência de mim e do que me rodeia. Que descubro a direcção a seguir.
Neste momento o foco da minha vida gira à volta da aprendizagem parame relacionar melhor, para resolver a minha vida em vários campos, porque acredito que o Mundo não muda, as pessoas também não. Só posso mudar eu. É uma aprendizagem eterna, com escolhas mais acertadas e outras não, mas não importa.
Estou VIVA!!
Angela
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