©Violeta Niebla
Ai, como eu te queria toda de violetas
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...
E flébil de cetim...
Teus dedos longos, de marfim,
Que os sombreassem jóias pretas...
E tão febril e delicada
Que não pudesse dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...
Que não pudesse dar um passo -
Sonhando estrelas, transtornada,
Com estampas de cor no regaço...
Queria-te nua e friorenta,
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Aconchegando-te em zibelinas -
Sonolenta,
Ruiva de éteres e morfinas...
Ah! que as tuas nostalgias fossem guizos de prata -
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
Teus frenesis, lantejoulas;
E os ócios em que estiolas,
Luar que se desbarata...
……………………………………………………………………………………
…………………………………………………………………………………..
Teus beijos, queria-os de tule,
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de seda...
Transparecendo carmim -
Os teus espasmos, de seda...
— Água fria e clara numa noite azul,
Água, devia ser o teu amor por mim...
Água, devia ser o teu amor por mim...
Lisboa, 16 de fevereiro de 1915
Mário de Sá-Carneiro
in 'Indícios de Oiro'
in 'Indícios de Oiro'
Sem comentários:
Enviar um comentário