"eu vou mostrando como sou e vou sendo como posso..." como diriam os Novos Baianos
quinta-feira, dezembro 31, 2020
terça-feira, novembro 10, 2020
sábado, agosto 22, 2020
sábado, agosto 08, 2020
domingo, julho 26, 2020
quinta-feira, julho 23, 2020
Livros de uma vida... Um Sorriso nos olhos da alma de Lawrence Durrel
Um Sorriso nos olhos da alma de Lawrence Durrel
“Dizendo isto, Chang deitou-me
uma amostra do olhar taoista e percebi logo o que queria dizer. Era um pequeno
olhar imenso, cheio de descaramento e insolência, de ironia e de riso. Era um
olhar de cumplicidade sardónica cheio da consciência divertida e oblíqua de
quão precioso é o que não pode ser dito. Era como que a primeira ligação entre
seres humanos, ao reconhecerem a sua aliança dentro do processo universal.”
Editora Quetzal, 1992
quarta-feira, julho 22, 2020
Mais sobre Masanobu Fukuoka
A agricultura natural do japonês MASANOBU FUKUOKA
Atualmente nos deparamos com
múltiplas formas de manejo e cultivo agrícola e florestal: algumas bebendo na
fonte de sabedorias antigas, mas duradouras; outras no hightech da automação e
controle de todas as fases da produção; e ainda as que aparecem aqui e ali,
usando criatividade até mesmo para inovar nos nomes. Ao longo da vida
profissional e de estudo, já me perguntei: e se não fizermos nada? Bom, há
práticas que têm “o não fazer nada” como etapa indispensável para a recuperação
natural da floresta e do solo. Mas a questão persiste: e não fazer nada,
“sempre”, é possível? Alguém disse que sim: hoje vamos falar um pouco de quem
vivenciou a agricultura natural, senhor Masanobu Fukuoka.
Masanobu Fukuoka nasceu no Japão,
em 1913, em Iyo, prefeitura de Ehime, Ilha de Shikoku e faleceu em 2008, aos 95
anos; no início de sua vida profissional estudou e trabalhou com patologia
botânica, ou seja, com as doenças das plantas. No entanto, ele mesmo foi
acometido de grave pneumonia aos 25 anos, ficando enfermo e convalescendo-se
por longo tempo. Após recuperar-se confessou que sua visão de mundo havia
mudado radicalmente: “A inteligência dos seres humanos não tem utilidade, foi
disso que me dei conta. Minha vida é praticar agricultura natural, sendo um
agricultor. Tudo que preciso fazer é apenas comer e dormir, essa foi a minha
conclusão.”
Plantio direto, uso de cobertura
morta, da adubação verde; plantio de espécies companheiras, consorciação de
culturas e não utilização de adubos químicos solúveis e de agrotóxicos são
algumas das práticas por ele aplicadas, às vezes simultaneamente. Mas ao modo
da natureza, sem seguir fielmente as regras de uma técnica no espaço e no
tempo, nem tampouco se prendendo aos limites da técnica em si: a agricultura
natural para Fukuoka é fluida, flexível como o bambu, criando soluções quando
estas são necessitadas. Tudo em harmonia com a natureza. Em suas experiências
com arroz, Masanobu Fukuoka preconizava o plantio a lanço, diretamente no solo,
fazendo o espalhamento de palhas após a semeadura. As palhas fariam o controle
natural das ervas indesejadas, que poderiam competir com o arroz, como também
serviriam para a fertilizar o solo. Devido a esse tipo singular de manejo suas
ideiasficaram conhecidas como “a revolução de uma palha”.
Uma revolução pode começar por
essa única palha. Essa palha é tão leve, tão pequena, mas as pessoas não
conhecem o peso, o significado dessa palha. Se as pessoas conhecessem o
verdadeiro valor dessa única palha, isso causaria uma revolução humana, mudando
a estrutura social de todas as nações. (Masanobu Fukuoka).
O resultado, com produções de
arroz em igual quantidade ou maiores que os demais agricultores que utilizaram
outras técnicas, chamou a atenção no seu entorno e em outras partes do mundo.
Assim, vários interessados, especialmente jovens, começaram a se juntar a ele
praticando seu método e redescobrindo valores esquecidos ou não conhecidos.
Outra “marca registrada” da
prática da agricultura natural de Fukuoka são as “bolas de sementes”: são de
fato “bolotas” de solo, argila e sementes, dessas que fazemos no parquinho
quando crianças. Como não poderia deixar de ser, fazê-las é simples: junta-se
em um balde vários tipos diferentes de sementes, ervas medicinais, flores,
frutas, de cultivo agrícola, forrageiras, leguminosas e vai se jogando terra,
misturando-se bem as sementes e depois acrescenta-se argila. Importante ficar
com consistência para se poder moldar as bolotas, com uns 2cm de diâmetro. Uma
vez prontas Fukuoka ia a campo e simplesmente as jogava, atirando-as livremente
por toda a área escolhida.
Ele explicava que as sementes
assim envolvidas em argila não seriam comidas por pássaros ou ratos e também
não pereceriam, aguardando as primeiras chuvas para germinar. Da germinação em
diante cada qual seguiria seu ciclo natural, seguindo apenas às leis da
natureza. Desta forma, apenas as sementes que estivessem adaptadas ao local –
clima, solo, altitude etc. – permaneceriam: sem interferência, cresceriam
fortes e saudáveis.
Seus pensamentos e métodos foram
registradas em livros apenas a partir dos seus 62 anos de idade, chamados
“Agricultura Natural, Teoria e Prática da Filosofia Verde (Editora Nobel) e “A
revolução de uma Palha: uma Introdução à Agricultura Selvagem” (Editora Via
Optima).
Em reconhecimento ao seu trabalho
diretamente com as comunidades da Ásia e África ganhou, em 1988, o Prêmio Ramon
Magsaysay, o “Prêmio Nobel” da Ásia, por serviços públicos.
Livros de uma vida... O Combate Sexual da Juventude de Wilhelm Reich
O 'Combate sexual da juventude' é
uma das obras de Wilhelm Reich, o médico, psicanalista e marxista alemão que,
nos anos 20 e 30 do século passado, revolucionou o debate sobre a sexualidade,
a família na perspetiva da revolução social. Este livro de Reich, hoje mais
conhecido como o pai da terapia corporal, aborda sem mitos e tabus a questão
da vida sexual da juventude, que é aqui examinada em suas
diferentes dimensões e de um ponto de vista revolucionário.
Texto indispensável para todo
jovem que desperta para a crítica da família autoritária, sexualmente
repressora.
Wilhelm Reich (1897-1957) foi um
polémico psicanalista austríaco, conhecido principalmente graças a obras como A
Função do Orgasmo e Análise do Carácter. Assistente de Freud na policlínica
psicanalítica, torna-se dissidente e rejeitado pelos seus pares. Comunista
ativo, emigrou para a Escandinávia e, mais tarde, para os Estados Unidos, onde
viria a morrer na prisão. Os movimentos juvenis radicais do Maio de 68 e outros
deram grande realce à sua defesa do direito à sexualidade.
Dinalivro, 1972
terça-feira, julho 21, 2020
Fala com Ela com Manuel Pinto Coelho... Libertem o intestino!
Fala com Ela: Fala Com Ela com Manuel Pinto Coelho - Fala com Ela é um programa de Inês Meneses emitido até agora na Radar.Em 2015 recebeu o prémio de melhor programa
sexta-feira, julho 17, 2020
#LiberteoFuturo: 5 propostas para adiar o fim do mundo
Com apoio de
artistas, intelectuais, ativistas e cidadãos do mundo todo, movimento convida a
imaginar o futuro pós-pandemia para provocar ação no presente
Muitos têm
repetido que o mundo não será o mesmo após a pandemia provocada pelo novo
coronavírus. O mundo já não é o mesmo, mas o que vem pela frente pode ser ainda
pior. Quais as possibilidades de futuro pelas quais queremos lutar daqui em
diante? O que é necessário para que ainda seja possível imaginar um futuro onde
queremos e podemos viver?
Assim nasce o
movimento #LiberteoFuturo, com o objetivo de inspirar a reflexão crítica e
dinâmica sobre a vida pós-pandemia. Lançado oficialmente neste domingo (5 de
julho), o coletivo não é liderado por uma pessoa ou organização, mas parte do
conceito “Eu+1+, a equação da rebelião”, de autoria do poeta Élio Alves da
Silva, do Médio Xingu, Altamira, Amazônia. A ideia central é invocar a
responsabilidade coletiva ao reunir todos aqueles que querem fazer parte da
criação e realização de mudanças na sociedade atual.
Wagner Moura,
Alice Braga, Eliane Brum, Zé Celso Martinez, Joênia Wapichana, Zélia Duncan,
Fabiana Cozza, Antonio Nobre, Sérgio Vaz, Carmen Silva, Eliane Caffé, Jacira
Roque de Oliveira (mãe de Emicida e Fiote), Tasso Azevedo, João Cezar de Castro
Rocha, Déborah Danowski, André Trigueiro, Júlio Lancelotti e Tati dos Santos,
são alguns dos nomes de intelectuais, artistas, ativistas e estudiosos que se
mobilizaram para apoiar o movimento.
O objetivo é
incentivar a participação e engajamento nas redes de quem quer construir um futuro
que não seja passado, e impedir a volta da anormalidade que condena a nossa e
as outras espécies. Não queremos um novo anormal. A plataforma será também um
grande mostruário da imaginação do futuro neste momento histórico tão
particular, que poderá servir tanto como inspiração para ações como para
pesquisas em diferentes áreas.
A desigualdade
global (e brasileira) atinge níveis recordes: os 2.153 bilionários do mundo
concentram mais riqueza do que cerca de 60% da população mundial. A emergência
climática provocada por ação humana exige mudança, ou teremos apenas um futuro
hostil para as futuras gerações. A maior crise sanitária em um século impôs o
isolamento físico, mas não o isolamento social. As ideias não têm restrições,
nem fronteiras.
Como funciona?
O movimento se
concentra em cinco propostas principais, que disparam perguntas e convidam a
imaginar possíveis respostas:
1. Antídotos
contra o fim do mundo: imagine como quer viver
2. Democracia:
proponha políticas públicas, assim como mudanças nas leis e nas normas para
reduzir as desigualdades de raça, gênero e classe
3. Consumo:
indique alternativas para eliminar as práticas de consumo que escravizam a
nossa e as outras espécies
4. Emergência
climática: sugira ações para impedir a destruição da natureza, garantindo a
continuidade de todas as formas de vida no planeta
5.
Insurreição: defina a melhor ação de desobediência civil para criar o futuro
onde você quer viver!
As propostas
devem ser enviadas em vídeos de um minuto cada. Os vídeos devem ser postados em
suas redes sociais com a #LiberteoFuturo ou enviados pelo whatsapp +55 11
97557-9830.
Em cada um
deles, o participante deve dizer seu nome, e a cidade e país onde vive. Estes
vídeos serão reunidos na plataforma digital. Não há uma data limite para envio
dos vídeos, mas após esta primeira fase, a proposta é colocar a mão na massa e
formar uma rede de pessoas comprometidas a debater e executar ações, locais e
globais, para libertar o futuro.
Laboratórios
Sociais: Liberte o Futuro
Os
“Laboratórios Sociais: Liberte o Futuro” serão jornadas colaborativas de
encontros online para facilitar a criação dos futuros sonhados nos vídeos. A
partir das provocações iniciadas pelos vídeos, os laboratórios oferecerão
espaços de troca e co-criação para aprofundar, planejar ações e criar
estratégias para o futuro, executadas no presente.
Serão 10
oficinas com conteúdos de temáticas contemporâneas e transversais, pensadas
para contemplar todos os grupos formados. As oficinas serão documentadas em
vídeo, gerando conteúdos, que podem inspirar e auxiliar outras pessoas a se
mover para libertar o futuro e, assim, mudar o presente.
por Greenpeace
Brasil •6 de julho de 2020
Livros de uma vida... 39 Tisanas de Ana Hatherly
39 Tisanas de Ana Hatherly
Tisanas são um conjunto de
composições poéticas breves que Ana Hatherly escreve desde 1969, constituído
até agora de 463 fragmentos numerados, que a autora chama de poemas em prosa.
Foram publicadas seis edições desse livro, entre 1969 e 2006, e a cada nova
edição foram incluídos novos textos, que oscilam entre o aforismo, a parábola,
a narrativa ficcional, o koan budista, o verbete de dicionário ou enciclopédia,
o diário e a fábula, dispostos de maneira aparentemente caótica, descontínua, sem
uma ordem sequencial linear. Este é um work in progress que desafia a própria
classificação dos gêneros literários, bem como a distinção tradicional entre
prosa e poesia.
Todos os temas referidos nas
Tisanas são organizados em séries, dispostas no livro de maneira assimétrica,
assistemática, acronológica, com cruzamentos, variantes e interpolações
temáticas e estilísticas fora de uma ordem presumível, do tipo início-meio-fim.
Uma intensa auto-reflexividade é
visível em ciclos de permutações paródicas, no desenvolvimento de formas como o
poema-ensaio e a micro-narrativa, e na desconstrução de uma subjetividade
feminizada. A atenção à dimensão plástica e gestual da escrita está patente
quer em séries recolhidas em livro, quer nos desenhos e (des)colagens, quer
ainda nos filmes e ações poéticas que realizou.
quinta-feira, julho 16, 2020
Livros de uma vida... a malcastrada, de Emma Santos
A loucura da escrita.
Como Nerval, como Artaud, como Jarry.
A escrita dos doentes contra os médicos.
Contra a repressão.
A escrita anti-normal. EMMA SANTOS.
Apesar do ensurdecedor falatório dos psiquiatras
a loucura continuou felizmente a falar em voz cada
vez mais alta na produção literária, poética e
romanesca destes dois séculos.
O movimento de Libertação dos loucos.
A luta da loucura contra a normalidade.
O desmascarar da Psiquiatria e instituições opressivas.
A condenação dos psiquiatras e quejandos.
A escrita anormal, da sub-humanidade.
A palavra nova anti-linguagem.
Como Holderlin, Nerval, Nietzsche, Jarry,
Strindberg, Poe, Roussel, Faulkner, Artaud, Lowry,
Emma Santos e tantos outros, todos chanfrados,
esquizofrénicos, paranóicos, neuróticos até à medula,
cozidos e recozidos pelo álcool, bela amostra
dessa sub-humanidade que de ordinário
é desejado nos asilos.
Contra a sexualidade normal,
contra a instituição familiar.
A escrita da mulher louca.
O Movimento da Libertação das Loucas.
O movimento anti-patriarcal.
A anti-psiquiatria, a contra-sexualidade.
Uma palavra nova.
Fernando Ribeiro de Mello / Edições Afrodite 1ª edição 1975
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